Uso da Genética para Otimização da Capacidade Cardiorrespiratória.
Marcelo Sady Plácido Ladeira
Durante um bom tempo fui um militar profissional e fazia parte do trabalho manter um ótimo nível de preparo físico.
Trimestralmente éramos avaliados fisicamente. Todas as atividades físicas que exigiam força e velocidade como barra, flexão, abdominal, pista de pentatlo e 100 m de natação eram relativamente fáceis, eu mal entendia a dificuldade de alguns companheiros. Entretanto, para mim, a corrida de 3.300 m em no mínimo 12 minutos, para obter a nota máxima, era uma tortura. Terminei a maioria dos testes de corrida achando que precisava de um balão de oxigênio. Só não o fiz para manter a pose. Treinei muito, melhorei, mas nunca foi fácil.
O tempo passou, sai do Exército, virei geneticista, comecei a trabalhar na Multigene e a desenvolver perfis de genotipagem em várias áreas, inclusive atleticogenética aonde estudei e selecionei vários genes envolvidos com a capacidade cardiorrespiratória e resolvi aplicar esse conhecimento em mim. Alguém geneticamente com muita aptidão para exercícios de força e velocidade, mas sem a mínima aptidão para corridas além de 1500 m. Por exemplo: vários estudos mostram que níveis maiores de homocisteína levam a menor VO2max. Os níveis de homocisteína são influenciados por muitas variantes genéticas como o famoso gene MTHFR, cujo alelo T do polimorfismo rs1801133 está associado a redução da eficiência enzimática entre 30 a 40%, o que compromete o processo de metilação, consequente maiores níveis de homocisteína e menor nível de VO2max. Advinhem? Sou portador do alelo T do polimorfismo rs1801133 do gene MTHFR.
Devido a isso, após obter orientação com uma nutricionista, personalizei minha dieta: aumentei o consumo e/ou suplementei com folato, B12, B6, zinco e riblofavina para otimizar a eficiência da MTHFR, diminuir os níveis de homoscisteína e aumentar o meu VO2max. Além do gene MTHFR, avaliei o meu genótipo dos genes COMT, MTR, MTRR, CBS, entre outros, ajustei minha dieta e suplementação, o que minimizou minhas suscetibilidades genéticas, e consegui reduzir meus níveis de homocisteína de 11,5 µmol/L para 6.6 µmol/L e melhorei muito meu VO2max, mas ainda não era o suficiente. Então analisei o resultado da minha genotipagem para outros genes como NRF1 e aumentando o consumo de brassicas, como brocólis, couve flor, couve de bruxelas, etc e suplementando com indol3carbinol e DIM, melhorei mais ainda minha capacidade cardiorespiratória, mas adivinhem? Ainda não era o suficiente.
Então, avaliei outros genes como NQO1 e, devido ao meu genótipo, constatei que preciso mais de coenzima Q10 que a maioria da população, passei a suplementar, a correr mais rápido e me sentir com muito mais energia. Analisei o PGC1-α, refinei mais ainda a personalização da minha dieta e a suplementação. Resultado: aos 22 anos meu melhor tempo nos 3.300 m foi de 11:32s (aproximadamente), hoje, centenas de anos depois, corri em 11:15s.
Parece pouco, mais achei que nunca mais conseguiria correr 3.300 m em 12 minutos, durante muitos anos achei que nem correria mais 3.300 m em qualquer tempo. Além disso, me sinto com muito mais energia e disposto. Confesso que estudar, aplicar e verificar os efeitos positivos em mim, foi surpreendente. Fiquei mais apaixonado e fascinado ainda pela genética. Funciona! Sem milagres! O treinamento elaborado por um educador físico baseado no meu perfil de atleticogenética também foi fundamental.
Observação importante! níveis de homocisteína abaixo de 3,8 µmol/L são prejudiciais, podem levar a hipermetilação, aumentar o risco de esquizofrenia, câncer, comprometer significativamente a resposta antioxidante e a detoxificação, etc. Portanto, monitore regularmente seus níveis e não exagere na redução dos níveis de homocisteína.
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