Marcelo Sady Plácido Ladeira
Micronutrientes são compostos dietéticos que são necessários apenas em pequenas quantidades (microgramas ou miligramas por dia) e são vitais para o adequado desenvolvimento, crescimento,metabolismo e manutenção da saúde Vitaminas, minerais, oligoelementos, aminoácidos e ácidos graxos poli-insaturados
(PUFA) são definidos como micronutrientes. Os micronutrientes mais comuns são: vitamina A (retinol), complexo B [vitamina B1 (tiamina), vitamina B2 (riboflavina), vitamina B3 (niacina), vitamina B5 (ácido pantotênico), grupo vitamina B6 (piridoxina, piridoxal, piridoxamina), vitamina B7 (biotina), vitamina B8 (ácido ergadenílico), vitamina B9 (ácido fólico), vitamina B12 (cianocobalamina), colina, inositol], vitamina C (ácido ascórbico), vitamina D, vitamina E (tocoferóis, tocotrienóis), vitamina K, biotina, carotenóides (alfa caroteno, beta caroteno, criptoxantina, luteína, licopeno, zeanxantina), flavonóides, glutationa (GSH), melatonina, polifenóis, PUFA, ácidos graxos ômega 3, macrominerais (cálcio, magnésio, fósforo, potássio, sódio) e minerais (boro, cobalto, cromo, cobre, flúor, iodo, ferro, manganês, molibdênio, selênio e zinco) (Schwartz, 2014). Muitas das deficiências de micronutrientes são devidas a dietas desequilibradas ou graves estados de malnutrição.
Entretanto, , hoje é evidente que parte das deficiências nutricionais são devidas a polimorfismos ou mesmo a mutações em genes que codificam proteínas ou enzimas responsáveis pelo metabolismo dos micronutrientes (Schwartz, 2014). Por exemplo, mesmo quando consomem a RDA de folato (0,4 mg), portadores do genótipo TT do polimorfismo rs1801133 do gene MTHFR apresentam maiores níveis de homocisteína, o que faz com que esses indivíduos precisem de uma dose maior, que varia ente 0,8 e 0,9 mg. Portanto, a dieta recomendada ou a suplementação, quando for o caso, de micronutrientes deve levar em consideração as informações obtidas através do genótipo do indivíduo, que alida ao estilo de vida, determina a real necessidade individual de micronutrientes. Essa informação genética, também é vital para a suplementação periconcepcional e gestacional de micronutrientes.
“No momento da fertilização quando um ser humano começa a existir, a Nutrição tem início. Este período do desenvolvimento, quando as coisas podem ser definitivamente certas ou erradas é de vital importância, e a Nutrição pode exercer uma profunda influência, que se estende por toda a vida” Roger Willians. O estado nutricional antes e durante a gravidez é vital para a saúde da mãe e do bebê. O adequado consumo de vitaminas e minerais leva ao bem-estar de ambos. Os desequilíbrios nutricionais podem comprometer o desenvolvimento não só dá criança em gestação, como também o desenvolvimento e a qualidade de vida das futuras gerações. Embora a suplementação periconcepcional (próximo a concepção) ou gestacional de ácido fólico ou vitamina B12 sejam as mais difundidas e aplicadas na prática clínica, vários estudos têm demonstrado que a suplementação em conjunto de vitaminas e minerais é mais eficiente para a prevenção, especialmente no bebê, de diversas doenças, como transtorno do espectro autista (TAD), obesidade, câncer, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 1 e 2, etc. Entretanto, a necessidade de vitaminas e minerais depende muito do estilo de vida e de fatores genéticos, que juntos determinam a necessidade individual.
Por exemplo, a vitamina C, além de atuar como importante antioxidante regula a expressão de vários genes, que atuam no sistema imunológico; síntese de hormônios; síntese de colágeno, etc. Baixos níveis sanguíneos de vitamina C foram associados a maior risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e vários tipos de câncer. A quantidade de vitamina C absorvida no sangue pode diferir entre as pessoas, mesmo quando consomem a mesma quantidade de vitamina C, o que sugere forte influência genética. Os níveis dessa vitamina podem ser influenciados por variantes genéticas do gene GSTT1, o qual codifica a enzima glutationa S-transferase. A versão negativa para GSTT1 pode resultar numa capacidade reduzida para processar Vitamina C.
Isso significa que as pessoas que possuem essa versão tendem a apresentar níveis mais baixos de vitamina C no sangue, na realidade se consumirem uma quantidade deficiente de vitamina C o risco de apresentarem baixos níveis no sangue pode ser até 12,28 vezes maior, o que pode aumentar o risco de muitas doenças e envelhecimento da pele. Solução: adequar a ingestão de vitamina C, de acordo com o DNA, e equilibrar os níveis. Entretanto, cuidado, se você não possuir essas variantes genéticas o aumento da ingestão de vitamina C pode ser excessivo e atuar como pró-oxidante, o que também aumenta o seu risco de desenvolvimento de doenças e envelhecimento da pele.
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