O gene FURIN codifica a furina uma proproteína convertase, que atua clivando seções de proteínas inativas, a fim de ativá-las. A enzima furina é altamente expressa nos pulmões. A furina faz parte da família da proproteína convertase, sendo responsável pela ativação de uma ampla variedade de proteínas precursoras, como fatores de crescimento, hormônios, receptores e moléculas de adesão, bem como glicoproteínas da superfície celular de vírus infecciosos.
Além de processar proteínas precursoras celulares, furina também é utilizada por vários patógenos, para clivagem de várias proteínas do envelope dos vírus influenza, HIV, SARS-CoV-2 e vários filovírus, incluindo o vírus Ebola.
Além de atuar na ligação do vírus a superfície da célula hospedeira, também atua na fusão das membranas da célula viral e da célula hospedeira para permitir o início da infecção. Portanto, quando o SARS-CoV-2 se liga aos receptores ACE2 da superfície celular no trato respiratório ele pode explorar com sucesso a enzima furina para ativar sua própria glicoproteína de superfície e obter acesso às células do trato respiratório. Devido a isso, o SARS-CoV-2 é um vírus facilmente transmissível.
Este não foi o caso do SARS-CoV 2002-2003. O gene FURIN apresenta vários polimorfismos, cujos genótipos de risco tem sido associado a maior risco de doenças cardiovasculares e infecção viral. Saliento, que a associação do gene FURIN com maior risco de COVID-19 é apenas uma hipótese, que necessita de confirmação.
Recentemente foi um criado um grupo multicêntrico, incluindo grupos de pesquisas Brasileiros, que estão delineando projetos de pesquisa para avaliar a suscetibilidade genética à COVID-19. Acredito que o gene FURIN, seja um importante gene a ser estudado.
Marcelo Sady Plácido Ladeira