A proteína fundamental para a sustentação da pele começa a ser degradada com rapidez com envelhecimento, o que contribui para flacidez da pele e aparecimento de rugas
SÃO PAULO — O colágeno é a proteína que, entre outras funções, dá sustentação à pele. Esse elemento é naturalmente produzido e degradado pelo organismo. Entretanto, com o passar do tempo, essa perda é acelerada. Por exemplo, após os 20 anos de idade, a taxa de perda de colágeno é de 1% ao ano. Entre as mulheres, nos primeiros 5 anos da menopausa, essa perda sobe para 30%. Isso se traduz em uma pele mais rígida, de baixa elasticidade e com rugas. A boa notícia é que existem procedimentos que podem ajudar na estimulação de colágeno para reduzir essa degradação e assim melhorar o aspecto e a elasticidade da cútis.
A genética é uma das mais recentes aliadas nesse processo. A dermatogenética utiliza exames de DNA para identificar o perfil genético de cada pessoa e, dessa forma, proporcionar um tratamento personalizado.
— Não existe nenhum tratamento que funciona para todo mundo, exatamente porque somos diferentes. Essas diferencas estão associadas à genética — diz geneticista Marcelo Sady, diretor geral e consultor científico da Multigene, em Botucatu.
Sady explica que existem genes que vão levar a uma maior degradação de colágeno, o que por sua vez favorece o surgimento de rugas, acelera o processo de fotoenvelhecimento, pode levar a um maior risco de acne e rosácea. Por exemplo, o genótipo do gene MMP! está associado a uma degradação do colágeno oito vezes maior que o normal após a exposição solar.
A partir dessa informação, o dermatologista pode prescrever ativos orais e dermocosméticos personalizados, que atendam as necessidades daquele paciente.
— Com esses dados, conseguimos encontrar ativos orais, com base na literatura científica, que fará com que o gene que codifica essa enzima se expresse menos. A enzima será produzida, porque o organismo precisa dela, mas na quantidade adequada para que ela continue exercendo sua função, não em excesso. Isso aumenta a chance desses tratamentos serem assertivos e funcionarem — afirma Sady.
O exame é realizado pela coleta de material da boca do paciente, com a ajuda do swab, aquele cotonete grande utilizado nos testes RT-PCR e de antígeno para Covid-19.
Vários tipos de colágeno
Existem28 tipos conhecidos de fibras colágenas. Na derme, camada densa da pele, são identificados os tipos I, III, V, VI, VII, XII, XIII, XIV e XVII. Fora da derme, mas ajudando a se ancorar na epiderme, a camada mais externa da pele, existem os dos tipos VIII, XV, XVIII e XXIII.
Durante a fase embrionária e imediatamente após um trauma ou procedimento cutâneo, o colágeno mais abundante é o do tipo III, conhecido como "colágeno jovem". Porém, ele representa apenas 10% a 15% do colágeno da pele adulta. A maior parte - 80% a 85% - é do tipo I. Por isso, tratamentos estéticos como peelings e lasers estimulam a formação desse colágeno tipo III
Por outro lado, da mesma forma que elementos externos podem estimular a formação da proteína, alguns estimulam a degradação dela. São eles, em especial, a radição solar e o tabagismo. Daí, o porquê dermatologistas pedirem para os pacientes evitarem o sol por meses após esses procedimentos.
"O ideal é cuidarmos bem de nosso colágeno cutâneo, criando uma situação de proteção contra as metaloproteinases. Dentre elas, a metaloproteinase-I (MMP-I) é mais prejudicial à saúde da pele. Produzida pelos ceratinócitos (células formadoras de epiderme) e, surpreendentemente, pelos próprios fibroblastos, a MMP-I tem sua produção aumentada pela radiação solar, através da produção de radicais livres. Outro fator que também aumenta sua produção, é o tabagismo", escreveu o dermatologista Adilson da Costa, em artigo para O Globo.
A dieta também é uma alidada da pele. O dermatologista recomenda ingerir limentos ricos em colágeno, como carne branca e gelatina, e os ricos em vitamina C, como laranja, kiwi e abacaxi, que ajudam a melhorar a absorção da proteína. Uso diário de protetor solar, dormir bem, praticar atividade física, reduzir o stress e o álcool também ajudam a manter a pele em dia.
Publicado no Portal O Globo.